Escalas no Violão
Tocar escalas no violão pode ser algo bem desafiador. Ainda lembro do dia que comecei a estudar o “Estudo N.7” do H. Villa-Lobos, esse estudo me serviu como um desafio, pois na época eu me sentia muito intimidado por esta obra. Afinal, logo no primeiro compasso tem uma escala bem rapidinha esperando para ser tocada.
Muitos anos se passaram e felizmente consegui apresenta-la várias vezes com sucesso, foi uma conquista maravilhosa para mim. Neste post compartilharei com você muitas das informações que adquiri e que me ajudaram durante meu desenvolvimento com esta obra(cuja uma das principais dificuldades são as escalas). Segue um vídeo meu tocando o estudo 7 ao vivo:
Estudar escala pode trazer inúmeros benefícios para um violonista, entre eles: maior destreza, aprimoramento dos saltos, controle da dinâmica, maior qualidade sonora, entre outros. Mas isso apenas se o violonistas possuir uma boa estratégia de estudos, um bom método e as informações certas.
Hoje te ensinarei várias maneiras diferentes de estudar escalas e alguns exercícios para ajudar em sua jornada com o violão.
- Objetivos ao Estudar Escalas no violão
- Sincronização das mãos
- Trabalhando o timbre por meio das escalas
- Dinâmica nas Escalas
- Articulação
- Velocidade nas Escalas no Violão
- Exercícios de Escalas no Violão
Objetivos ao Estudar Escalas no violão
Primeiro devemos definir objetivos bem claros ao estudar escalas. Existem muitas possibilidades, eles vão definir o objeto de foco do nosso estudo. Podem ser alguns dos objetivos:
- Controle da dinâmica (foco na dinâmica)
- Velocidade (foco no relaxamento)
- Controle de diferentes articulações (foco na maneira com que as notas se conectam)
- Sincronização (foco nas duas mãos trabalhando juntas)
- Saltos (foco no braço esquerdo e no legato)
- Equilibrar o Timbre dos dedos da mão direita (foco no timbre)
- Etc…
Lembrando que você pode e deve misturar os objetivos.
Sincronização das Mãos
Você conhece esta tabela? nela contêm todas as combinações possíveis de toque sequencial sem repetir os dedos da mão esquerda. É excelente para desenvolver a coordenação das mãos. Recomendo que faça uma ou duas combinações por semana, mas isso fica ao seu critério. Existem inúmeras formas de trabalhar essas combinações, no vídeo abaixo mostro uma delas.
(Toquei a primeira coluna inteira no vídeo, isole uma combinação e repita em outras posições)
Obs: você pode trabalhar elas mantendo o máximo de dedos(mão esquerda) possíveis encostados na corda, por exemplo, quando fizer a combinação 4-3-2-1 coloque primeiramente os 4 dedos na cordas e depois vá liberando um a um.
Este foi um exercício para trabalhar a sincronia das mãos, embora também podemos aplicar a mesma ideia em uma simples escala de C maior. Acredito que o primeiro elemento que devemos trabalhar é a sincronização das mãos, pois é um fator fundamental para a limpeza do som e serve como base para todos os próximos exercícios. Agora vamos fazer uma escala focando na sincronização das mãos.
Trabalhando o timbre por meio das escalas
Ao fazer uma escala com o indicador e médio da mão direita, nós queremos que esses dois dedos produzam som com timbres mais próximos possíveis. A melhor maneira de conseguir isso é com notas repetidas, dessa maneira ficará mais clara a diferença dos dedos. Lembre: o foco aqui é o som produzido, então dirija o máximo da sua atenção a este elemento. (experimente combinações diferentes de mão direita: i-m, m-a, i-a, p-i, p-m)
Obs: se quiser pode repetir mais vezes cada nota, todavia faça bem lento para poder prestar bastante atenção ao som.
Dinâmica nas escalas
Aqui o segredo é a variedade, faça uma escala piano, outra forte, em outra faça um crescendo, daí faça um diminuendo, bem… a sua criatividade é o limite. Nesse momento apena lembre de ser coerente, se for fazer um crescendo foque para que o crescendo seja proporcional do começo ao fim, não toque uma nota em “pianíssimo” e na sequência uma em “meso forte”, a não ser que essa seja sua intenção.
Articulação
No post de hoje falarei brevemente sobre legato e staccato, basicamente o legato conecta as notas sem que tenha um “buraco”/silêncio entre elas, já no staccato existe esse silêncio. A maioria dos violonistas possuem dificuldades com a articulação legato, mas não precisa ter vergonha caso possuir essa dificuldade, pois só o fato de você identificar que seu legato não está saindo já é uma vitória.
Para tocar Legato temos que “ouvir legato”, logo recomendo que ouçam outros instrumentos e prestem bastante atenção neste elemento, pois o violão é um instrumento muito ingrato para este tipo de articulação.
O grande inimigo do legato é o salto, então primeiro pratique escalas sem salto, ouça bem o legato, depois busque a mesma sensação em uma escala com algum salto.
Dicas: sempre que possível faça o staccato com a mão direita(faz menos ruído), para isso é apenas encostar o dedo na corda(pode ser o dedo que acabou de tocar ou o que irá tocar em seguida
Velocidade nas Escalas no violão
Para conseguir tocar escalas em andamentos elevados, você precisará estudar e tocar de forma bem relaxada, sendo que tensões em qualquer parte do corpo podem atrapalhar seu desenvolvimento. Por isso sempre verifique se existem tensões no rosto, nos punhos, nos ombros, nas mãos e em dedos que poderiam estar relaxados.
Existe uma estratégia de estudo muito eficiente para aumentar o andamento das suas escalas, do mesmo modo esta também pode ser aplicada ao seu repertório ou outros exercícios facilmente. Ela consiste em mudar o rítmico do trecho a ser trabalhado, nesta mudança nós aumentamos o valor de uma nota e compensamos diminuindo o valor de outra. Por exemplo:
Fica assim:
Ou assim:
Exercícios para tocar escalas no violão
Segue alguns exercícios para você aplicar tudo aprendido acima:
1- Escala de Dó maior e Dó menor (se quiser pode isolar as oitavas, dessa forma eliminando o salto)
2- Escala de Fá menor
3- Escala de Sol maior
Depois que esses três exercícios forem dominados, você estará pronto para estudar as “escalas do Andres Segovia”, que são basicamente todas as escalas maiores e menores digitadas por esse grande mestre. Caso esses exercícios forem muito difíceis, então recomendo isolar as oitavas para eliminar os saltos, não importa a digitação, o mais importante é você estar concentrado e ter objetivos claros.
Conclusão
No post de hoje vimos:
- Seis elementos para se focar ao estudar escalas no violão.
- Exercícios de escala.
Não falei sobre saltos hoje, caso falasse o post se estenderia muito, mas posteriormente dedicarei uma postagem exclusiva para eles.
Espero que estas informações possam ajudar no seu desenvolvimento como violonista, pretendo trazer mais informações sobre o estudo de escalas no violão, então caso esse assunto te interessa, não esqueça de registrar seu E-mail abaixo para ser notificado. Grato pela companhia, qualquer dúvida escreva na aba de comentários. Confira também meu post sobre arpejos aqui. Já viu nosso E-book com exercícios de escalas?
Um abraço, André Marcílio
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